Os amigos são para as ocasiões
Um amigo de infância, em Fafe, mandou-me uma SMS. Dizia-me que precisava de falar urgentemente comigo. Moro em Matosinhos, mas não pensei duas vezes. Nem três. Meti-me no carro e lancei-me na auto-estrada a mais de 180 à hora. Só ao chegar a Arões é que me lembrei que não tenho carro nem sei conduzir...
Tomem nota, antes de mais, desta pescadinha de rabo na boca: o arroz carolino é um produto português, nado e criado nos estuários dos rios Sado, Tejo e Mondego, e Portugal é auto-suficiente na produção de arroz carolino. Já o arroz agulha é de origem asiática, quase todo importado. Não vou entrar em contradição com o que já escrevi outras vezes noutros lados, não tenho nada contra o que é estrangeiro, sobretudo se for melhor. Mas a verdade é que, se todos comêssemos do nosso arroz, e nós comemos arroz como se fôssemos chineses, dávamos um bom empurrão aos produtores nacionais e até podia ser que o preço ao consumidor baixasse.
Mas, patriotismos à parte, o fundamental é que o carolino é o arroz ideal para os pratos tradicionais da cozinha portuguesa. Com uma cozedura mais demorada e a exigir maior presença e atenção, é certo, mas mais cremoso e aveludado na calda final, e absorvendo melhor os condimentos e os paladares dos outros ingredientes, o carolino é a base indispensável para os nossos mais deliciosos arrozes, os malandros: do arroz de polvo ao arroz de tomate, do arroz de marisco ao arroz de bacalhau, do arroz de feijão ao arroz de peixe, do arroz de grelos ao arroz de cabidela, do arroz de sarrabulho ao arroz de lampreia, e fico-me por aqui, que isto assim também é um castigo...
Quanto ao agulha, é absolutamente recomendado para quem não sabe cozinhar (por exemplo, os novíssimos chefs do arroz de atum, de lata, que lata!) ou para quem, como agora se diz, não tem tempo para estar na cozinha, que é a mesma coisa.
Portanto: carolino, sempre! E um grande abraço para o Naninho!
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