Foto Hernâni Von Doellinger |
O Sr. José Leocádio morreu, dizia o jornal. Foi em Março do ano passado, mas talvez a notícia exagerasse. Cromos assim, tão presentes, que vazam gerações atrás de gerações, ficam-nos para sempre. Figura emblemática do Porto, almirante por conta própria, maratonista estival das praias da Foz e Matosinhos, o velho Renault estacionado na avenida e a buzina de palhaço avisando lambões no meio do areal, todas as manhãs parece que o vejo e ouço ali em baixo, no Passeio Atlântico: - Ó batata frita à inglesa, batatinha!...
Diz que tinha 82 anos, setenta dos quais no ofício de vendedor ambulante. No Inverno, estabelecia ponto de castanhas assadas, na Rotunda da Anémona, onde Porto e Matosinhos se cumprimentam com vista para o mar.
Fomos praticamente vizinhos, ele e eu, ainda que desencontrados no tempo. Isto é, morei na Rua Pêro de Alenquer, na Foz, quase em frente ao sítio onde o Sr. José tinha morado uns anos antes. Mas a Mi, que por ali nascera, frequentara-lhe a casa, em miúda. E provava sempre as batatinhas, que eram mesmo caseiras, fritas todos os dias logo desde a manhãzinha. Que boas que elas eram, as batatas antigas! Mas quê? É como tudo: o que era bom, está-se a acabar...
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