Dizia o povo, e com razão: cagarim, cagarou-se, há dois modos de cagar, se o cagalhoto for grosso, fica o cu o fumegar.
Matosinhos à tarde. Sol que é um consolo. Puxado pela trela do pequeno
cocker, o casal desce a rua, a minha, em direcção ao mar ali à beira. Eis senão quando, porventura desarranjado pelo
strogonoff de vitela ou pelo leite-creme que lhe serviram ao almoço, o aflito canídeo arreia as calças e caga ali mesmo em pleno passeio, com evidente alívio pessoal e grande satisfação dos
babados papás. Acabada a obra, a madama, higiene e civismo acima de tudo, vai à carteira de marca e retira um lenço de papel de um branco imaculado, abre-o, ao lenço casto, provavelmente perfumado, e volta a dobrá-lo, liturgicamente, agora apenas em dois, baixa-se, quase que me parece que se benze, e limpa o cu ao cão. Isso, limpa o cu do cão. Depois amarrota o papel e lança-o para junto do saralhoto. E ali fica o serviço. No meio do passeio. Do meu. E lá seguem os três para o mar e para o sol, dois deles puxados pela trela.
A autarquia agradece. Faz colecção. No brasão de Lisboa desenharam corvos, no de Matosinhos deveriam figurar saralhotos. A cidade de Matosinhos, para além de muitas coisas boas que tem, é isto: não há passeios que cheguem para tanta merda de cão. E a culpa não é do cão.
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