Tomemos, por exemplo, o Dia de Nossa Senhora do Ó, assinalado a 18 de Dezembro. Um dia que causa grande inveja em todo o restante abecedário e sobremaneira entre as vogais.
É impressionante a quantidade de palavras da língua portuguesa que usam escusadamente um eme final. Isso, um mê no fim. O eme que se escreve mas não se lê. Podia passar aqui o dia inteiro a dar exemplos uns atrás dos outros - abrevio, porém, dando seis, como os dedos de uma mão mais um, e sem sair da rima: rodage, vantage, viage, sabotage, calibrage, portage, arage, garage. E afinal são oito, os dedos de uma mão mais três da outra. Para que é que estas palavras precisam do eme no fim se o eme no fim não se diz? Alguém diz Base das Lajens? É só despesa! E logo a letra eme, a das três perninhas, tantas perninhas, menos duas apenas do que as cinco patas do cavalo.
O eme, faço notar, que, ainda por cima, é a letra minúscula mais obesa do nosso abecedário. Um escândalo! Uma evidente desnecessidade e um tremendo desperdício de espaço num país com somente noventa e dois mil quilómetros quadrados. Os fiscais das palavras não andam de metro e muito menos de camioneta. Decerto nem saem à rua. Não falam com pessoas, nunca vieram ao Minho, nunca estiveram em Fafe. Ou, se calhar, faltou-lhes corage para cortar a direito. Hão-de ir longem...
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