sexta-feira, 23 de maio de 2025
Tem de ser, mas não é obrigatório
A gente vai fazer a sua caminhada matinal ali para o Parque da Cidade, nos antigos campos de Sá, e encontra-se uma com a outra, ainda que somente de passagem. A gente cruza-se e, à força do hábito, ou talvez educação, cumprimenta-se - "Bom dia!", no primeiro avistamento, "Até amanhã!", no que se supõe seja o último. Ora acontece que as caminhadas matinais ali no Parque da Cidade, antigos campos de Sá, são geralmente feitas em círculo, repetindo o circuito, ida e volta, três ou quatro vezes de uma ponta à outra, o que propicia repetidos reencontros entre a mesma gente que diz uma à outra "Bom dia!" e "Até amanhã!". E a gente tem horror a ficar calada quando se vê, e se já disse "Bom dia!" e ainda não é hora de dizer "Até amanhã!", e como acha que tem obrigação de dizer alguma coisa, então nos entretantos a gente diz "Tem de ser", como se "Tem de ser" fosse uma saudação intermédia entre o olá e o adeus. "Tem de ser", uma boa merda para se dizer seja a quem for como cumprimento, é o que me parece, mas se calhar eu é que estou errado.
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