Em extinção? Era bom!
O abutre também tem o seu dia internacional, que é em Setembro. E quem diz abutre, diz usurário, agiota, especulador, onzeneiro, ganancioso, interesseiro, avarento, agarrado, mesquinho, somítico, explorador, aproveitador, intrujão, chupista. Quem fala em risco de extinção do abutre, certamente não conhece Portugal...
Lembro-me muito bem. Pegas, se as queria ver, tinha de ir à aldeia, ao campo. Via-as às vezes, uma ou duas, três, sem abusos, nas minhas férias de Verão com a Bó de Basto, em Passos, Cabeceiras, e, mais raramente ainda, nas bouças de São Gemil e Cavadas, em Fafe, durante o resto do ano. As pegas, antigamente, eram uma raridade para a vista.
Não sei o que é que aconteceu entretanto, mas hoje em dia as pegas estão em todo o lado, às centenas, e se calhar aos milhares, não estou é para as contar. Decerto derivado ao Parque da Cidade do Porto, o bendito Parque da Cidade do Porto, as pegas instalaram-se de armas e bagagens em todas as redondezas da Invicta e particularmente na beira-mar de Matosinhos que lhe fica mesmo ao lado. A minha rua está agora constantemente cheia de pegas, e eu por acaso gosto de vê-las e até, em dias mais bem dispostos, de ouvi-las, mas não as procuro, nem é preciso.
É realmente uma invasão. A invasão das pegas. Mas também de melros, há que dizê-lo em abono da verdade, e ultimamente de papagaios, que andam por aí aos bandos, desorientados e barulhentos, num falatório que só visto. Pegas, melros e papagaios. Não sei o que é que se passa com o mundo.
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