A landreA landre, é preciso que se note, já serviu para a nossa alimentação. O povo - isto é, o pobo - chamava-lhe também bolota ou glande. E há quem agarre na glande e dela faça carvalho.
Há quem diga que Fafe tem a maior mancha contínua de carvalhal da Península Ibérica, e até quem, achando pouco, acrescente que é a maior mancha contínua de carvalhal de toda a Europa. O fenómeno será ali por aquela corda de Aboim e Várzea Cova, realmente carvalhal até dar com um pau - muito ainda para arder, como costuma dizer o meu amigo Lopes.
Na vila antiga também tínhamos o nosso Carvalhal, assim com maiúscula inicial porque era nome de sítio, entre a Fábrica do Papelão e o Picotalho, ladeando o rio Ferro e estendendo-se aos pés do extinto monte de Castelhão até Cavadas, onde agora vicejam campos de futebol, rotundas e supermercados. Chamávamos-lhe Carvalhal porque tinha carvalhas, bem jeitosas para fazer baloiços de pneu e outras brincadeiras, chão ervado e limpo, sombreado, um mimo para passar tardes de sábados e domingos à roda de um bom merendeiro, famílias, grupos de amigos ou bandos de moços aos cobóis, com todo o respeito pelos campos cultivados ali à beira. Era o verdadeiro "parque da cidade", mas nem fazíamos ideia. E em São Gemil havia outro. E mais dois ou três sítios assim, bouças e carvalhais, conforme vieram ao mundo e de usufruto universal. Vivíamos no paraíso, inocentes e despreocupados, sem fazer caso, sem dar valor. Até que um dia.
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