quinta-feira, 24 de abril de 2025

Aristeu, do Olimpo à Loja Nova

Aristeu era filho de Apolo com Cirene. Foi criado por ninfas na Líbia, aprendeu a coalhar leite e tornou-se pastor, sendo adorado como protector de caçadores e rebanhos e considerado o inventor da apicultura e do olival. É representado como um jovem pastor com um cordeiro, mais ou menos à maneira do nosso São João, mas de manjerico e pirilau ao léu.
Cansado de ser um deus menor, Aristeu aprendeu a contar pelos dedos e dedicou-se às matemáticas, adoptando o astuto cognome de o Velho - Aristeu, o Velho -, isto já para aí trezentos anos antes de Cristo ter vindo ao mundo. Mais de vinte séculos depois meteu-se no comboio e estabeleceu-se em Fafe, com a Loja Nova, extraordinária catedral de mercearia fina e grossa, drogaria e bebidas várias, alfaias agrícolas, verguinha e outro material de construção, louças e todo o tipo de ferragens, que ocupava quase um quarteirão inteiro, ao lado do Peludo e em frente à Casa da Cera, com a Feira das Galinhas atrás. O Senhor Aristeu da Loja Nova, fafense excelentíssimo, era um vivaço. Gentil, elegante, conservador e culto, molageiro com as mulheres, às vezes, talvez em raros dias de inventário e balanço, vestia bata de cotim no trabalho, imitando o irmão João, o Joãozinho da Loja Nova, e tinha sempre uma boa piada na ponta da língua. A Loja Nova morreu de velha.

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