quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Está tudo nos livros

Foto Hernâni Von Doellinger

O Lopes ofereceu-me pelo aniversário os "Mistérios de Fafe", de Camilo Castelo Branco. Uma "edição popular" de 1969 da Parceria A. M. Pereira Ld.ª, "8.ª edição, conforme a 2.ª, última revista pelo autor", Camilo, que avisa desde logo: "Esta novela contém adultérios, homicídios, missionários e outros cirros sociais", portanto Fafe no seu melhor. Prendinha bem catita, que nisto de livros o Lopes nunca dá ponto sem nó, e foi apenas a cereja em cima do bolo, um mimo, porque a prenda principal foi outra - outro livro, evidentemente. Os meus melhores livros, aliás, são-me regularmente dados pelo Lopes e pelo meu irmão Orlando, honra lhes seja.
Mas o Lopes. O Lopes é um bom caralho! Aqui atrasado ofereceu-me "O Seminarista", de Rubem Fonseca. "O Seminarista", para mim, estais a ver a malandrice? Porque o Lopes parece que está sempre no gozo. O Lopes chama-se Luís Lopes, é jornalista, escritor, argumentista e fafense amador, tantas as vezes que me acompanhou nos meus periódicos e mais ou menos nocturnos regressos à terra. O seu primeiro livro, publicado pela Vega em 1997, tem por título "Que Puta de Vida!", e quem ainda não leu, não sabe o que anda a perder. É coisa que se lê num lampo ou, melhor dizendo, no tempo de uma gargalhada. Ou de um espirro. Alguns raros exemplares poderão ainda ser encontrados, creio, nas melhores casas da especialidade.

Já agora, o seguinte. À medida que nos formos conhecendo melhor, ides perceber que eu levo os telemóveis muito a sério (à séria, se lido em Lisboa). Se o meu telemóvel toca, e é raro, eu atendo. Sempre. Ainda ontem: eu estava aqui nas traseiras, a escrevinhar qualquer coisa, por acaso sem o telemóvel à mão, e ouvi-o tocar na cozinha, virada para a rua. Fui lá a correr: não era o telemóvel, era a máquina de lavar roupa, que as máquinas de lavar roupa agora também tocam. O que é que eu fiz? Atendi a máquina de lavar roupa, evidentemente. E era o Lopes...

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