O dorsal
O dorsal chama-se dorsal porque é para usar ao peito - ou, vá lá, na barriga do atleta. Se fosse para usar nas costas, isto é, no dorso do atleta, chamar-se-ia peitoral.
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quinta-feira, 11 de setembro de 2025
Às carreiras
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sábado, 31 de maio de 2025
Quando se perdia a mondinense
Dois copos e um quarto
Bem medida, uma garrafinha de cinquenta centilitros (50 cl), isto é, meio litro, ou, chamando a coisa pelo nome, um quartilho, dá dois copos e um quarto. Era exactamente dessas que ele bebia: para ter onde dormir...
A Mondinense disputava então com a João Carlos Soares o negócio do transporte rodoviário colectivo de passageiros entre Porto e Fafe e vice-versa. Eu era passageiro. Eu ainda hoje sou passageiro. Os asmáticos autocarros da Mondinense, que, se não me engano, faziam a viagem pela serra da Agrela, via Santo Tirso, numa espécie de breve apresentação turística à Rota da Prostituição de Baixa Montanha, tinham escritório numa obscura garagem à beira do desabamento e tresandando explosivamente a mijo, vomitado, fumo e gasóleo, ali para os lados do portuense Jardim de São Lázaro. A Mondinense era isso. E a João Carlos Soares, que ia por Famalicão, é Arriva.
Mas a explicação da expressão nossa? Perder a mondinense. Então: bebia-se e perdia-se a memória e esqueciam-se as horas. Esqueciam-se as horas e bebia-se e perdia-se a memória. Perdia-se a memória e esqueciam-se as horas e bebia-se. E assim se perdia a mondinense.
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sexta-feira, 4 de abril de 2025
Nostradamus, vostradais, elestradão
O cigano e o sapo
Havia aquele cigano, espírito de contradição, que só entrava em estabelecimentos que tivessem um sapo de louça a servir de porteiro.
Eu sou de Fafe. Com muito gosto! E a sina, em Fafe, era lida por umas senhoras ciganas às quartas-feiras em cima da Arcada, sempre com um olho na mão e outro na polícia. A alternativa mais académica e legal era a balança colocada à porta do "escritório" das camionetas do João Carlos Soares, mesmo em frente ao Café Avenida. Subia-se para a balança, metia-se a moeda e saía um cartãozinho com o peso mais ou menos e o horóscopo resumido. Quem não ficasse satisfeito, era só pesar-se outra vez e o futuro mudava imediatamente. O peso às vezes também...
Fafe era terra aberta aos ciganos. Os ciganos de Fafe eram fafenses sem discussão, fafenses iguais entre todos os fafenses, aprendi isso desde pequeno. Em Fafe, os ciganos eram uns de nós. Em nossa casa, no Santo e depois no Assento, onde vinham amiúde buscar roupa usada ou pedir conselho à minha mãe, os ciganos comiam à nossa mesa, connosco, e eram tratados pelo nome de cada qual, não por ciganos. Quer-se dizer, não eram ciganos, eram, repito, uns de nós - o que sempre me pareceu a coisa mais natural do mundo.
Não sei como é agora em Fafe com os ciganos, mas quero acreditar que está tudo nos conformes. Fafe - que, entre outros não menos honrosos galhardetes, é Zona Livre de Armas Nucleares, recebeu o selo de mérito RACCI, categoria prata, e foi reconhecida pela ONU, ó meu Deus pela ONU, como Cidade Resiliente 2030 - só pode continuar a ser uma terra aberta aos ciganos. Um destes dias, tenho a certeza, o Município ainda vai pedir o diploma.
Não sei como é agora em Fafe com os ciganos, mas quero acreditar que está tudo nos conformes. Fafe - que, entre outros não menos honrosos galhardetes, é Zona Livre de Armas Nucleares, recebeu o selo de mérito RACCI, categoria prata, e foi reconhecida pela ONU, ó meu Deus pela ONU, como Cidade Resiliente 2030 - só pode continuar a ser uma terra aberta aos ciganos. Um destes dias, tenho a certeza, o Município ainda vai pedir o diploma.
Nostradamus, nome latino e artístico, padecia de epilepsia psíquica, de gota e de insuficiência cardíaca. Se a isto tudo somarmos a habilidade para a leitura dos astros e das cartas de tarô, facilmente perceberemos que o artista viveu e morreu antes do tempo. O nosso Miguel seria o convidado ideal, diário, bidiário, ou talvez até terciário, para todos os programas das manhãs e das tardes das televisões generalistas portuguesas de hoje em dia.
A mais eficaz profecia de Nostradamus acabou por ser, lamentavelmente, a do seu próprio falecimento. Em 1566, dia 1 de Julho, inesperada véspera do definitivo dia 2 de Julho, estava o profeta cada vez mais à rasca derivado ao dramático agravamento da gota e da artrite, chamou o seu secretário e, entre trovões e relâmpagos e talvez sarças ardentes de febre, disse-lhe o que já lhe dissera mais do que uma vez: de amanhã não passo. E finalmente acertou.
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