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quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Às carreiras

O dorsal
O dorsal chama-se dorsal porque é para usar ao peito - ou, vá lá, na barriga do atleta. Se fosse para usar nas costas, isto é, no dorso do atleta, chamar-se-ia peitoral.

A carreira era a camioneta, o autocarro, o transporte colectivo, público, prestado por empresas privadas. Para Guimarães, para Felgueiras, para a Póvoa de Lanhoso, para Várzea Cova, para a Gandarela. Eram a Mondinense, a João Carlos Soares, a Landim e a Ferreira das Neves, que me lembre. E tínhamos a "Empresa". Carreira podia também ser fila, fileira, linha, alinhamento. Mas era sobretudo corrida. Isso, em Fafe e pelo menos nas zonas de Basto aqui à beira, carreira queria dizer corrida. Dar uma carreira, ir às carreiras, era correr, era ir a correr. Até rebentar! Até cair de cangalhas...

sábado, 31 de maio de 2025

Quando se perdia a mondinense

Dois copos e um quarto
Bem medida, uma garrafinha de cinquenta centilitros (50 cl), isto é, meio litro, ou, chamando a coisa pelo nome, um quartilho, dá dois copos e um quarto. Era exactamente dessas que ele bebia: para ter onde dormir...

Há muitas maneiras de o dizer, deste e do outro lado do mar: beber, alcoolizar-se, emborrachar-se, embriagar-se, inebriar-se, tachar, tomar, encharcar, chumbar-se, avinhar-se, enfrascar-se, ficar de pileque, alto, grosso, mamado, tomar um porre, praticar desporto líquido, molhar os pés, ficar como um escalo, como uma nabo, como um cacho, como um avião, ficar doente, indisposto, apanhar uma ramada, uma piela, uma perua, uma bebedeira, uma carraspana, uma borracheira, uma cardina, um pifo, uma tosga, uma touca, uma bezana, uma narsa. Mas: perder a mondinense, suponho que só em Fafe se dirá. Ou dizia. Perder a mondinense.
A Mondinense disputava então com a João Carlos Soares o negócio do transporte rodoviário colectivo de passageiros entre Porto e Fafe e vice-versa. Eu era passageiro. Eu ainda hoje sou passageiro. Os asmáticos autocarros da Mondinense, que, se não me engano, faziam a viagem pela serra da Agrela, via Santo Tirso, numa espécie de breve apresentação turística à Rota da Prostituição de Baixa Montanha, tinham escritório numa obscura garagem à beira do desabamento e tresandando explosivamente a mijo, vomitado, fumo e gasóleo, ali para os lados do portuense Jardim de São Lázaro. A Mondinense era isso. E a João Carlos Soares, que ia por Famalicão, é Arriva.
Mas a explicação da expressão nossa? Perder a mondinense. Então: bebia-se e perdia-se a memória e esqueciam-se as horas. Esqueciam-se as horas e bebia-se e perdia-se a memória. Perdia-se a memória e esqueciam-se as horas e bebia-se. E assim se perdia a mondinense.