O bem-mandado
Mandaram-no ir chamar nomes a outro. E ele foi.
Côdea é a parte exterior endurecida de algo, do pão, do queijo, das árvores. É a casca, a crosta, a
tona. Côdea pode ser pequena refeição ou merenda de ovos fritos com farinha, molhados em mel, entre o almoço e o jantar. Côdea é pão, pão duro, porção pequena e insignificante de comida, ou por outra, comida reles e em diminuta quantidade, um nico, um
cibo. Côdea é nódoa, camada exterior de sujidade ou coisa de nada. É pedaço, bocado - "uma côdea de sabão para lavar as mãos". É pagamento miserável - "trabalho 12 horas por dia e o patrão dá-me uma côdea". O plural de côdea é côdeas, e muda do feminino para o masculino. Côdeas é uma pessoa muito pobre, pobretão, um homem sujo, um indivíduo grosseiro, um labrosta, um carroceiro. Em Fafe, antigamente, chamar côdeas a alguém era insulto do piorio, ia fundo no carácter. Ser côdeas não era só aspecto, tinha mais a ver com o asseio moral. O côdeas, o verdadeiro côdeas, até podia andar sempre muito limpinho, mas, por dentro, não deixava de ser um indivíduo asqueroso, desprezível, desprezável, baixo, sórdido, vil, mesquinho. O côdeas era um bandalho, um pulha, um bardamerda, um filhodaputa. No insultómetro da nossa terra, um côdeas, um verdadeiro côdeas, estava ao nível do
moncoso e do ranhoso, mesmo até do piolhoso. Portanto, estais a ver...
Sem comentários:
Enviar um comentário