Questão de feitio
Ele tinha um pé chato. O outro, não desfazendo, era uma simpatia...
O Verão Quente de 1975 entrava em brasa Outono adentro. E
em Fafe também entrou, não penseis que não, e viveram-se aqui dias dramáticos, trágicos, irreparáveis, mas isso fica para outra vez. Entretanto. Era dia 12 de Novembro. Uma manifestação dos trabalhadores da construção civil convocada pela CGTP, evidentemente com o então poderosíssimo PCP por trás, na
régie, por assim dizer, cercou o Palácio de São Bento, em Lisboa, e sequestrou a Assembleia Constituinte e o Governo, que também estava em casa. Durante 36 horas! O Parlamento esteve para se mudar para o Porto, mas não havia condições. O primeiro-ministro era
Pinheiro de Azevedo, que, entre outros pândegos à-vontades, tinha uma relação muito franca com a língua portuguesa. Isto é, falava para a televisão e para os portugueses como se discutisse futebol ou gajas ao balcão do tasco do
Chupiu, mesmo em frente ao Estádio, entornando
quartilhos de verde tinto. Certa ocasião, mandou à "bardamerda" os que lhe chamavam "fascista", lembrais-vos dele assim? Pois bem. Quando o sequestro resolveu dar-se por concluído e o almirante pôde finalmente sair, disse então o seguinte, que ficou para os anais da História: "Estou farto de brincadeiras, ok? De brincadeiras, hã! Fui sequestrado, já duas vezes. Já chega! Não gosto de ser sequestrado! É uma coisa que me chateia, pá! E agora vou almoçar"... E foi.
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