domingo, 19 de outubro de 2025

Ben-u-ron, uma questão de fé

Viciado em pastilhas
Tomava pastilhas atrás de pastilhas, mas não havia maneira de melhorar. Eram pastilhas de travão e ainda por cima davam-lhe gases. 

A minha sogra gosta muito do Ben-u-ron. Reclama "o meu Banuronzinho" por tudo e por nada, geralmente só para marcar posição de doente diplomada, inscrita na ordem e com as quotas em dia, questão de princípio, mas também para a insónia ou para a sonolência, para a garganta seca ou molhada, para o frio e para o calor, para as correntes de ar e para o mau-olhado, para a diarreia ou para a prisão de ventre, para os arrotos, soluços e espirros, para a flatulência ou para a surdez ou para a anosmia, para as unhas encravadas ou para os pêlos do nariz. A minha sogra só não quer Ben-u-ron para as dores de que se queixa como quem reza o terço em latim ou para a febre que felizmente quase nunca tem, por mais que meta o termómetro. Mas para o resto - isto é, para aquilo que não diz respeito ao Ben-u-ron -, a miraculosa pastilha é trigo limpo, farinha amparo. "Tenho muito fé no Banuron!", justifica a minha sogra. A Joaquininha decerto tem razão, vai a caminho dos 94 anos e, portanto, só pode ter razão. E eu, verdade seja dita, questões de fé não discuto...

Sem comentários:

Enviar um comentário