O autogolo de Manaca
Eu estava lá. No velho estádio, em Guimarães. Fui de Fafe de propósito. Vi ao vivo o autogolo de Manaca que deu o triunfo por 0-1 e o título de campeão ao seu Sporting, sendo ele naquela altura jogador emprestado pelos leões ao Vitória. Foi no dia 25 de Maio de 1980, e eu, portista, estava lá, mesmo atrás da baliza em questão. Vi tudo, sou testemunha, lembro-me perfeitamente. E se quereis que vos diga: não sei, não tenho a certeza do que realmente vi...
Tito dedicou-se com sucesso à construção civil em Roma, à guerrilha e à fundação e presidência da antiga Jugoslávia, enfim voltando-se para o futebol no Atlético, onde começou a dar os primeiros toques, em 1962. Esqueceu as obras e fez bem, aquilo está tudo em ruínas, disse adeus às armas e abandonou a política. Deixou a Tapadinha e apostou a sério na bola: mudou-se para o União de Tomar e depois, por quinhentos contos, dinheiro a sério, para o Vitória da Guimarães. É daí que o conheço.
Na década de setenta do século passado, Tito fez sete épocas na Cidade-Berço e marcou 82 golos. Frequentava Fafe regularmente. Era, e não sei se ainda é, o melhor marcador de sempre do Vitória na primeira divisão. Fisicamente falando, Tito pode ser visto como um monovolumezinho, baixote, entroncado da cabeça aos pés, uma espécie de Müller que os antigos percebem, uma espécie de Miccoli que os menos antigos sabem, e aos mais novos não sei o que lhes diga, a não ser que olhem para o Bruno César que andou pelo Benfica, Estoril e, aqui atrasado, pelo Penafiel. Mas em bom.
Tito, na área, era imperial. Fino. Franco-atirador. Até de cabeça. E de fora da área também. Mas não de cabeça. Como muitos craques de hoje em dia, Tito gostava de treinar livres e remates espontâneos atirados propositada e directamente à barra. E tinha uma elevada taxa de acerto. O extraordinário é que, mais difícil ainda, gostava de fazer o número também de costas para a baliza ou de olhos fechados. E acertava regularmente. Palavra de honra, acertava! Estou aqui, que não me deixo mentir
Em Fafe, nos anos cinquenta, sessenta e pelo menos setenta do século passado, havia uma magnífica equipa de futebol popular, sazonal, que tinha o bonito nome de Embaixadores da Bola. Os rapazes representavam, se não me engano, a clientela do velho Café Peludo, que aliás raramente frequentavam, e mantinham uma terrível rivalidade com o poderosíssimo Maiense, da antiga Rua do Maia, grupo que, se fosse hoje, chamar-se-ia, por certo, Antoniossergense.
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