Vivinho da Silva
Chamava-se Vivinho da Silva e era gozado por toda a gente. Quando morreu, então, foi uma risota...
Isto dos nomes, palavra de honra. Os nomes que me atiram, os nomes de que me esqueço, os nomes que me fazem rir. Eu ligo muito aos nomes, gosto de brincar com eles, escrevo compulsivamente sobre nomes, chamai-me o que quiserdes. Ora bem. Os Foda, por exemplo, pai e dois filhos, pelo menos, todos ligados ao futebol, dou-lhes valor ao apelido. Sandro Foda, 35 anos, joga no SV Wildon, da Áustria, e é irmão de Marco Foda, 33 anos, que jogou no Sturm Graz, também do campeonato austríaco, onde foi treinado pelo seu próprio pai, Franco Foda, 59 anos, actual seleccionador do Kosovo. Os Foda, Deus me perdoe, fazem-me lembrar, deixai cá ver, o internacional japonês Kagawa - Shinji Kagawa -, 36 anos, que alinha, quiçá em final de carreira, no Cerezo Osaka, do Japão. Por estes dias, em Portugal, consta que debutou um jovem Fode, 20 anos, no SC Braga, mas o presidente António Salvador mandou chamar-lhe Pascoal, e por isso não conta para o totobola.
Eu faria muito gosto que estes nomes valentes fossem nossos, de gente fafense, ou pelo menos de jogadores da AD Fafe, como já tivemos o Ricoca e o Zebras, o Machica, o Riga, o Piré, o Rates, o Estafete, o Mulato, o Caganito, aliás dois Caganitos, ou talvez mais, o Trolas, o Feira Velha, o Esparrinhento, o Pescoça, o Ferradeira ou o Mofo, para só elencar povo aqui nascido e criado, nomes formidáveis e telúricos, símbolos de um tempo extraordinário. Hoje em dia temos um Picas, um Vigário, um Nico... e é um pau. Foi o que se pôde arranjar.
Portanto, dou-me ao trabalho dos nomes. Quando eu era miúdo, em Fafe, marcava nos restos do JN do Bô da Bomba os nomes dos jogadores de futebol que me pareciam esquisitos. Ainda não tínhamos chegado à babel que agora é, mas o Marreca, o Camelo, o Cansado, o Repolho, o Chouriça, o Torto, o Maneta, o Sacristão, o Mouco e o Aguardente enchiam-me de alegria as segundas-feiras. Também gostava muito do Araponga, do Alhinho e do Manaca, que uma vez vi em Guimarães a marcar um magnífico autogolo que não tem nada que se lhe aponte. O Penteado, o Careca, o Metralha e o Cascavel já me apareceram fora de tempo, mas isto é tudo nomes só por exemplo.
Com os nomes sublinhados, eu fazia equipas que jogavam umas contra as outras, num campeonato de partir a moca, porque eu imaginava os jogadores exactamente conforme o nome, não sei se estais a ver o Marreca a driblar o Sacristão e o Repolho a entrar de pé em riste ao Camelo. Eu estou, quero dizer, estava, e, cá para comigo, à falta de outras brincadeiras e alegrias, ria-me como um perdido...
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