domingo, 9 de março de 2025

Augusto, o das botas amarelas

O pontapé de ressaca, de uma forma geral, sai frouxo e torto. Bebesse menos...

Depois de ter sido o primeiro imperador romano e de ter imperado forte e feio durante 41 anos, menos sete do que o fascismo português, e depois de ter morrido, RIP, Augusto, que deu o nome ao mês de Agosto e ficou também conhecido como Caio Otávio ou Caio Júlio César Otaviano, apareceu em Fafe de chuteiras amarelas ou vermelhas, consoante, fazendo-se passar por defesa direito. Estávamos às portas do 25 de Abril de 1974 e era ainda tempo de botas negras, botas e vidas. Menos o Augusto, que ia ao secador todos os dias e disfarçava muito mal como jogador de futebol.
Naquele tempo, realmente, passavam por Fafe com duvidosa assiduidade uns jogadores da bola que eram interessantes espécimes de colecção, aves raras dignas de estudo, e nem estou a falar dos menos apetrechados para a função, como o espanhol Ramón ou o velocipédico Quim Santos, por exemplo e sem desprimor, mas dos verdadeiros artistas, dos malandros, bons e assim assim, tipo Dário, Raimundo, Figueiredo, Neto ou Testas, para não ir mais longe, porque houve muitos mais - alguns deixaram saudades, outros deixaram calotes e não sei se filhos.
A augusta figura, que era da malandragem, coincidiu na AD Fafe com memoráveis jogadores como Neto e Testas, imaginem a tripla, Zé Maria, Costa, Leitão, Cláudio, Ismael, Martinho, Cândido, Manuel Duarte, Nino, Alfredo, Daniel Lopes ou Valença, recém-tornado do Ultramar. Futebolisticamente falando, só Augusto destoava, quer-se dizer.
No entanto, apesar daquele aspecto colorido e aprumadinho, Augusto, não sendo génio, era genioso. Uma vez, num "amigável" com o Vitória de Guimarães, no nosso estádio, pegou-se à pancada tenho na ideia que com o sardento Romeu, que também era de gancho e acabou por jogar mais tarde no Benfica, no Porto e no Sporting. O Augusto, não.
As chuteiras de Augusto estavam muito à frente do seu tempo, como hoje se sabe. E o cabelo de Augusto marcou uma época em Fafe. Na época seguinte, de facto, Augusto foi enganar para outro lado. Para Barcelos, no Gil Vicente, e depois disso a História perdeu-lhe finalmente o rasto.

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