segunda-feira, 14 de julho de 2025

As nudezes de Marisa Cruz

O terceiro homem
O terceiro homem foi Abel. Adão foi o primeiro, como o próprio nome indica; Caim, o segundo; e Abel, o terceiro. A seguir veio Sete, que, pela ordem natural das coisas, deveria ter sido Quatro, mas a Bíblia é como é e quanto a isso nada. Caim matou Abel, numa história negra muito bem contada pelo jornalista, espião e escritor inglês Graham Greene. O livro deu filme de Carol Reed, que meteu Orson Welles e ganhou Cannes, BAFTA e um Óscar da Academia. Óscar evidentemente acúrsio.

Era uma vez Marisa Cruz, que entrou num filme e apareceu nua. Foi no ano de 2004. O filme, de António Cunha Teles, chamava-se "Kiss Me" e entravam lá também o bom Nicolau Breyner (1940-2016), Rui Unas, Marcantónio Del Carlo e até Clara Pinto Correia, entre outros e outras, certamente. Marisa Cruz estava então com o jogador de futebol João Pinto, com quem assinaria casamento em 2009 e do qual rescindiria em 2013. Tiveram tempo para dois filhos. João Pinto é hoje dirigente ou funcionário da Federação Portuguesa de Futebol, mas em 2004, época da estreia do filme, jogava no Boavista de boa memória. Eu não entrei no filme, casei com a minha mulher no século passado e ainda cá estamos, nunca joguei no Boavista nem sou assalariado da FPF. Em 2004 trabalhava no 24horas, Redacção do Porto, e as inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me telefonar ao Jaime Pacheco, que era o treinador dos boavisteiros, a perguntar-lhe se tinha visto o filme, o que é que achara do corpo nu da Marisa e se tinha comentado o assunto com o João Pinto, tipo "a tua mulher é boa como o milho". As inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me também telefonar aos colegas do João (lembro-me do Frechaut, do Diogo Valente e do Martelinho, por exemplo), a perguntar-lhes se tinham visto o filme, o que é que acharam do corpo nu da Marisa e se tinham comentado o assunto no balneário, tipo "por acaso esta noite sonhei com a tua mulher". As inteligências lisboetas do meu jornal mandaram-me ainda para a porta do cinema, no NorteShopping, se não estou em erro, a perguntar aos espectadores que saíam se tinham gostado de ver a Marisa nua, se, ao léu, ela era mesmo toda boa como parecia vestida, e se coisa e tal...
Às inteligências lisboetas do meu jornal, eu mandei-as à merda. E ao filme também. Nunca o vi e não gostei, não sei como é que era realmente a rapariga em pelote, desconheço-lhe as intimidades que afinal não são. Por outro lado, percebi aqui atrasado, vinte anos depois, que Marisa Cruz continua a querer mostrar, e mostra, nas suas redes e nas redes dos outros, e faz ela muito bem, suponho, está  absolutamente no seu direito. Eu se lhe soubesse desta mania, às tantas, em 2004, em vez de guardar respeito, por assim dizer, talvez devesse ter-me dado ao trabalho e ao gozo. Mas não. Tenho a certeza de que fiz bem em não fazer nada...
Os jornalistas e similares que eram as inteligências lisboetas do meu falecido jornal estão hoje quase todos muito bem colocados nos periódicos de referência da capital e vão assiduamente às televisões comentar as últimas da política nacional, internacional, solar e intergaláctica. Levam-nos a sério, e eles próprios parece que também. Não sei se viram a Marisa Cruz nua e, se viram, o que é que acharam. Talvez lhes perguntem um destes dias.

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