Desenhos mais ou menos
Há desenhos animados e há desenhos, digamos assim, mais mortiços. É a vida.
Tive bons mestres. O Sr. Walt Disney e o nosso Marreca, é esse o nome que trago na memória, esperto alfarrabista das mil e uma coboiadas estabelecido naquele "coté" encravado debaixo das escadas da Arcada, do lado do Club Fafense, minúsculo quiosque de um janelo só que era porta aberta para o mundo. "Mundo de Aventuras", "Condor Popular", "Ciclone", "O Falcão". Luís Euripo, Mandrake e Lotário, Tarzan, Kalar, Cisco Kid, Texas Kid, Kit Carson, Fantasma, Buck Jones, Major Alvega, Matt Dillon e Chester, velhos companheiros de jornada, heróis de trazer para casa. Os livrinhos, depois de lidos e relidos, levávamo-los de volta, para a troca, em perfeito estado de conservação, o que só os valorizava, num sistema que funcionava muito bem, entregávamos, por exemplo, seis e trazíamos, por exemplo, três, o negócio era feito a olho, mas mesmo assim valia a pena, principalmente para o quiosqueiro, isso também era fácil de ver.
Aprendi bastante. Foi por estas e por outras que eu fiquei a saber que forasteiros são pessoas que vêm de fora, no faroeste, e portanto deviam era ser faroesteiros, deve ter havido engano, fiz a proposta de alteração aos dicionários, em devido tempo, mas, como sempre, ninguém me ligou. Foi nestas leituras que eu me enriqueci com expressões tão magníficas e úteis ao nosso dia-a-dia como, para não irmos mais longe, "Por Manitu!", "Saca, cão!" ou "Com cem mil coiotes!", e está é a minha preferida. Nos livros aos quadradinhos, Walt Disney já era a cores e ensinou-me, por outro lado, palavras bem portuguesas e bonitas como cadê, sgrunf!, pilantra e sobretudo carona, de que eu gostava muito, quase tanto como gosto ainda hoje da palavra parreca, que eu já conhecia de ginjeira das nossas feiras e romarias, desde pequenino, parece impossível...
Sem comentários:
Enviar um comentário