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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O capacete antes de deitar

Isto das idades realmente
O quarentão é a média de todos nós. O cinquentão começa a desconfiar da vida. O sexagenário passa a constar das notícias. O septuagenário anda em contramão na auto-estrada. O octogenário é porque se safou no acidente. O nonagenário quer que os quarentões, os cinquentões os sexagenários, os septuagenários e os octogenários se fodam e refodam. O centenário só se realiza de cem em cem anos, e está certo.

Sempre gostei de me deitar no chão. Desde pequenino. O Verão em Fafe é um forno, e a nossa mãe punha-nos a dormir a sesta no chão da casa, não no chão estreme, mas por cima de um cobertor fininho e fofo, e dormíamos como anjos de barriguinha ao léu. Porque o ar rasteiro é mais fresquinho, está provado cientificamente, e a nossa mãe sabia também disso, embora nunca tivesse ouvido falar de correntes de convecções, fluidos, átomos ou moléculas.
Habituei-me. Sempre que pude na vida, dormi a minha soneca no chão do campo, do monte e até da praia, se pela fresca da manhã e com a praia só para mim. Casei e fui morar para a Foz, no Porto: a casa dos meus sogros tinha um quintal-jardim que era um mimo, e era ali que eu me estendia, no cimento do caminho ou na relva do coradoiro, em tardes e noites de suar em bica. Depois bebia uma ou duas garrafas de espadal bem fresquinho, e já estava em condições de ir para a cama...
Agora, moro há mais de trinta anos em Matosinhos, com o mar a passar-me à porta e a enrolar na areia, mas custa-me muito a deitar, ainda por cima no chão, que me fica cada vez mais longe, e preciso de um guindaste aqui do Porto de Leixões para me levantar. Mas não resisto: de quando em quando, dá-me para a toléria - é a idade -, ponho o capacete e, em quatro ou cinco movimentos muito complicados e perigosos, às vezes doze, consigo deitar-me no chão da sala, com muitos ais! e muitos uis! pelo meio, os ossos rangendo, a cabeça a ourar e a televisão ligada só para que o som me faça companhia e me disfarce os queixumes. Às tantas a Mi entra, assusta-se comigo ali esparramado no lamparquet com vinte anos de garantia e grita: - Ai, valha-me Deus, que ele morreu, coitadinho! Que é da motorizada, homem?...
E eu, de olhos fechados e mãos cruzadas sobre o peito, só me falta o terço: - Chama mas é a polícia, mulher, que a culpa foi do outro...

Moral da história: este frio, será do tempo?

terça-feira, 12 de agosto de 2025

A mania da praia

A praia, é preciso que se note, não é obrigatória. Podem ser férias e não ir à praia. Pode ser Verão e não ir à praia. Pode ser sol e não ir à praia. Pode ser calor e não ir à praia. Pelo contrário: se for sol, se for calor, muito calor, o mais sensato até será ficar em casa, à sombra, ou procurar uma fresquinha no quintal mais próximo. Acreditai no que vos digo, há quarenta anos que moro à beira-praia e sei muito bem do que falo. E palavra de honra: não ir à praia não parece mal, não é crime e tampouco desmazelo ou falta de educação.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Época de incêndios, como manda a lei

De que se queixa este povo? Estamos em plena "Época de incêndios", e atenção que não fui eu quem lhe pôs o nome e a agendou para esta altura do ano - foi o Governo, foi Portugal! Portanto, estamos na "Época de incêndios", legítima, de papel passado, dentro do prazo, no tempo certo, como se fosse obrigatória, e queriam o quê? Inundações?...

domingo, 1 de junho de 2025

Era o tempo das cervejas

Uma vez, em pleno pino de Verão, de férias, passeei Lisboa durante um dia inteiro sem beber uma cerveja, palavra de honra, e bem era o tempo delas. Bati as capelas todas, cafés, tascos, leitarias e até agremiações culturais. Entrava aqui, entrava ali, e pedia "Uma Super Bock, se faz favor!", ou perguntava "Por favor, a imperial é Super Bock?", que não há e que não é - era Sagres e Sagres, respondiam-me invariavelmente, como se estivessem todos combinados e me conhecessem e não me gramassem. Só Sagres. Super Bock, nada. Bebi água como a minha mulher, eu quase afogava, eu quase morria, e foi a maior e mais perigosa acção de protesto que levei a efeito em toda a minha vida.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

O calor dilata os copos

Ele era um fafense à moda antiga. Praticante de fino durante três quartos do ano, chegava ao Verão e dedicava-se à caneca. Dizia: - O calor dilata os copos...

A este respeito, embora não pareça, diga-se que todos os anos, desde 2014, o dia 21 de Junho é Dia Mundial da Girafa e é completamente merecido. Os filmes de cinema e as telenovelas e até os concertos musicais particularmente sinfónicos não seriam possíveis tais quais os conhecemos hoje em dia sem a girafa. A girafa é, como aprendemos desde os bancos da escola, um suporte móvel no qual se prende um microfone. E é também uma vasilha considerável para consumo de cerveja de pressão. A girafa é realmente muito importante.