segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

O meu pai foi dado à troca

Tristeza mole
A tristeza, é o que tem, só dói enquanto dura.

O Natal dá-me saudades do Menino Jesus e do meu pai. Não acredito na Popota nem na Leopoldina, mas também nunca acreditei no Pai Natal, embora que o há há, ou que o ho ho! O Menino Jesus, sim, diz-me respeito. O Menino Jesus e o meu pai deviam ser da corda, tu-cá-tu-lá um com o outro, porque era o meu pai quem me punha no sapatinho as avelãs, os chocolatinhos e o par de meias que o Menino Jesus me dava todos os anos, isso eu sabia. Tão unha com carne deveriam ser os dois que o Menino Jesus nasceu no dia 25 de Dezembro e o meu pai, tudo combinado lá entre eles, morreu de véspera, em França, provavelmente para nos doer menos, um pelo outro, e doeu ainda mais, que eu só tinha onze anos. Em França é onde nascem os meninos, e ainda hoje acho lamentável que o meu pai tenha sido dado à troca.

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